segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Resenha: O Pequeno Príncipe

"Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos."(pág. 72)

Lembro-me de ter uns 14 anos quando minha professora de Português, Elizabete Fernandes, comentava os nossos Cadernos de Recordações durante as aulas. Cada um tinha o seu, principalmente nós, meninas. Neles, colecionávamos, mensagens de nossos amigos, trechos de livros, músicas... A professora disse: -" "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Deveriam ler O Pequeno Príncipe. Conhecem as frases mas não sabem de onde elas vem." E foi assim que conheci esta história emocionante.

A história é narrada por um piloto de avião que faz uma aterrisagem forçada em meio ao deserto do Saara. Desesperado para consertá-lo, pôs-se a trabalhar, pois possuía água para, no máximo, oito dias. Após algumas horas de trabalho, cochila e desperta com a voz de um menino insistindo que lhe desenhasse um carneiro. No entanto, fez alguns desenhos sem a aprovação da criança e depois, desenha uma caixa e diz:

" - Esta é a caixa. O carneiro que tu queres está aí dentro.
E fiquei surpreso ao ver iluminar-se a face do meu pequeno juiz:
 - Era assim mesmo que eu queria!" (págs. 14 e 15)

Assim nasce uma bela e sincera amizade entre o piloto e o menino. Na imaginação, que soluciona o problema, penso como é triste perdemos a magia natural que existe em nós, quando criança...

" - Só as crianças sabem o que procuram - disse o principezinho. - Perdem tempo com um boneca de pano, e a boneca se torna muito importante, e choram quando ela lhes é tomada..." (pág. 75)

O Pequeno Príncipe é um menino encantador, alegre, curioso, sensível e solitário. Vive no minúsculo asteróide B612. Tão pequeno que ele é o único habitante. Sua companhia é um rosa vaidosa, egoísta e mimada que passa o dia a reclamar do sol, do vento, do frio, do calor... Nele existem três vulcões, dois ativos, o que leva o Pequeno Príncipe a incansavelmente revolve-lo. Há também os baobás, árvores gigantescas, típicas da África. Por serem tão grandes e o planeta do menino tão pequeno, Pequeno Príncipe não pode deixá-los crescer. Motivo pelo qual pede ao piloto para desenhar um carneiro, para que este, paste em seu planeta.

Nos dias que se seguem, enquanto o piloto conserta seu avião, Pequeno Príncipe pensa em como o carneiro será ou não, útil em seu planeta e à sua rosa. Aos poucos, conta sua história, fala de suas viagens pelo Universo antes de chegar à Terra, das pessoas que conheceu aqui e lá, cada qual com uma personalidade/defeito: o rei autoritário, o vaidoso narcisista, o bêbado, o empresário possessivo... e nos deixa lindas mensagens.

Eu até poderia levantar todas as abordagens possíveis desta obra, mas o post ficaria excessivamente extenso. Então deixarei alguns trechos para refletirmos.

Procure uma solução para seu problema antes que ele fique grande demais:
"Os baobás, antes de crescer, são pequenos." (pág.22)

Sustentabilidade:
" É uma questão e disciplina. (...) Quando a gente acaba a toalete da manhã, começa a fazer com cuidado a toalete do planeta."(pág. 24)

Aprecie a beleza que está na simplicidade:
"Durante muito tempo não tiveste outra distração a não ser a doçura do pôr-do-sol." (pág. 26)

Seja paciente:
"É preciso que eu suporte duas ou três lagartas se quiser conhecer as borboletas." (pág. 36)

Auto avalie-se:
"É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio" (pág. 41)

Crie laços, faça amigos, valorize suas amizades:

"(...) - Eu procuro amigos. Que quer dizer 'cativar'?
- É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. - Significa 'criar laços'...
(...)
- Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. (...) Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..." (pág. 68)

"Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia e sol. (...)
O trigo para mim não vale nada. (...) Mas tu tens cabelos dourados. (...) O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo..." (pág. 69)

"- A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa - Os homens não tem mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me! (pág. 69)

"Se tu vens, por exemplo, à quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz! (pag. 69) 

Dedique-se:
"Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante." (pág. 72) 

 Claro, na época o livro não foi tão sensível quanto é hoje levando-se  em conta a maturidade adquirida ao longo deste período. Ainda assim, achei a aventura interessante, mágica e com trechos lindos, dignos de irem para meu Caderno de Recordação. Não tenho mais o tal Caderno, mas coleciono trechos em minha mente e a cada releitura, encontro outros mais belos ainda.

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." (pág. 74)
Esta história me cativou, página a página e é uma das doces lembranças que guardo dos tempos de escola quando uma professora nos convenceu a conhecê-la.

"A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar..." (pág. 83)

Saudades de muitos alunos que me cativaram e hoje seguem seus caminhos longe da nossa escola. Se você é  um deles, vocês sabem quem são, deixem um recadinho. Ficarei muito feliz!
Bárbara Leilane - Auxiliar da tarde

Nenhum comentário:

Postar um comentário