terça-feira, 18 de agosto de 2015

Resenha: Cidades de Papel

"É muito difícil para qualquer um mostrar a nós como somos de fato, e é muito difícil para nós mostrarmos aos outros o que sentimos." Pág. 227
 
Cidades de Papel é mais uma obra do nosso queridinho John Green. Nela vivemos o drama de Margo Roth Speilgeman na busca pela condição de ser si mesma e não aquela que os outros pensam que ela seja. Acontece que Margo está farta de ser vista como alguém que ela não é. Mas este drama está mesclado com o clima de mistério que ronda seu desaparecimento e temperado com passagens divertidas.
 
"...às vezes o jeito como a gente pensa em alguém não é exatamente o jeito como essa pessoa é." Pág. 312

 
"... chamou de cidade de papel. Para dizer que tudo é tão falso e frágil." Pág. 126
 
"Eu olhava para baixo e pensava que eu era feita de papel. Eu é que era uma pessoa frágil e dobrável..." Pág. 348
 
Quem narra a história é Quentin, ou simplesmente, Q. Ele conhece Margo desde os dois anos de idade quando seus pais compraram casas vizinhas em um bairro de Orlando, Flórida. É, lá mesmo, onde fica a Disney e o Sea World.
 
Quentin é do tipo exemplar: bom aluno, bom filho, tem bons amigos, não se mete em confusão, não bebe, não fuma, não usa drogas, gosta de rotinas. Seus melhores amigos são Ben e Radar. Os três sofrem bullying.
 
Margo, ao contrário, vive envolvida em confusões. Gosta de festas, é agitada, do tipo garota popular, aquela "Abelha Rainha" de colégio que os filmes americanos falam. É um ícone na escola, suas histórias seriam inacreditáveis, não fosse o fato de terem acontecido ( na ficção).
 
"Isso sempre me pareceu tão ridículo, que as pessoas pudessem querer ficar com alguém só por causa da beleza. É como escolher o cereal da manhã pela cor, e não pelo sabor." Pág. 47 
 
Quando tinham nove anos, Margo e Quentin, encontraram um homem morto em um parque do bairro. Quentin sentiu medo, mas, Margo sentiu-se, digamos, curiosa. Ela queria entender o que havia levado aquele homem a tirar a própria vida e fez uma breve investigação. À noite, ela surge à janela de Quentin, conta o que descobriu sobre o homem e vai embora. 
 
Nove anos depois...
 
Margo aparece na mesma janela pedindo a Q. um favor: ela precisava de um motorista para resolver onze problemas durante aquela madrugada. Acontece que eles não são mais amigos, apenas vizinhos, então, porque uma garota tão bonita e popular pediria a ele, ajuda? Meio desconfiado, Quentin decide ajudar e embarca na noite mais emocionante de sua vida. O que ele não sabia era que aquela seria a última noite a ver Margo, ela desapareceu na manhã do dia seguinte.
 
Voltando aos problemas daquela madrugada, na versão dos cinemas, Margo diz ter 9, mas atenção! são 11. Se você assistiu ao filme mas ainda não leu o livro, faça-o e descubra quais faltam.
 
"... antes de fazer sentido, as coisas precisam ser  ouvidas." Pág. 225
 
Margo é considerada pelos pais uma mulher problema. É, mulher, porque, façam as contas, ela já está com 18 anos. Ela já fugiu de casa outras 4 vezes deixando pistas de onde estava, mas ninguém as decifrava a tempo de encontrá-la antes que estivesse de volta. Seus pais estão fartos deste comportamento egoísta, da necessidade de ser o centro das atenções e não dão muito crédito ao desaparecimento. Comunicam à polícia e trocam as fechaduras de casa. É Quentin quem descobre as pistas deixadas por Margo e decide procurá-la. Ele diz na página 16: "...nunca consegui deixar de pensar que ela talvez gostasse tanto de mistérios que acabou por se tornar um." E ele não desiste até encontra-la; viva ou morta.
 
Como todos já percebemos, Green escreve muuuito bem eu não poderia deixar de comentar o uso da hipérbole nos diálogos dos personagens. Ah, você não sabe o que é hipérbole? É uma figura de linguagem que consiste em exagerar uma expressão. Quentin, Ben e Radar são experts no assunto e umas das minhas preferidas estão na página 25:
 
" - Arrumar um par para você vai ser tão duro que só com a simples hipótese já daria para cortar diamantes.
(...)
- Ben, arrumar um par para você é tão difícil que o governo norte-americano acha que não dá para fazer isso só com diplomacia, e que vai ser preciso usar a força."
 
Uma das pistas deixadas por Margo é um livro chamado Folhas de Relva de Walt Whitman. E eu tenho o prazer em dizer que além de este livro ser real (ao contrário de Uma Aflição Imperial em A Culpa é das Estrelas) há um exemplar dele na nossa biblioteca!
 
 
Vocês irão encontrar muitas passagens divertidas durante a aventura em busca do mistério Margo Roth Spielgeman. Também poderão refletir sobre a forma como percebemos e entendemos o outro. E sobre como os outros nos percebe.
 
Aproveitem a leitura dos dois livros!
 
                                                  Bárbara Leilane - Auxiliar da tarde
 
 

 
 

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