quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Resenha: Eu estive aqui

Ficha técnica

Título: Eu estive aqui
Autor: Gayle Forman
Editora: Arqueiro
Páginas:
Ano:

Cody mora com a mãe, a quem sempre chama de Trícia, o que já demonstra a ausência dos laços afetivos. Ela não conheceu o pai, o que a deixa ainda mais carente de cuidados paternos. Quem cumpre estes papeis são os pais de sua melhor amiga, Meg, que cometeu suicídio. A família de Meg era muito mais sua família, do que a que ela própria tinha. Meg, seus pais, Joe e Sue, o irmão mais novo, Scottie e até o cachorro Sanson eram a família de Cody. E tudo desmoronou quando Meg deu fim a própria vida.

Cody não aceita o suicídio de Meg e depois de uma breve observação de Scottie, decide investigar e descobre que mesmo se considerando as melhores amigas, Cody sabia bem pouco a respeito de Meg.

Foi o primeiro livro que li da autora e digo que gostei. É uma leitura bem fácil, a história simples e me interessou. Dava para perceber que Meg escondia alguma coisa apesar da negação de Cody. Fiquei identificando alguns alunos e conhecidos que para todos era uma pessoa mas por dentro era outra. Me lembrou também de Cidades de Papel do John Green, quando a Margo diz que "...às vezes o jeito como a gente pensa em alguém não é exatamente o jeito como essa pessoa é." . Um exemplo simples é quando um casal, unidos há anos, que pareciam se dar tão bem e viverem tão felizes se separam. Pela sociedade eles eram vistos de uma forma, mas só eles sabiam quais demônios enfrentavam todos os dias. Tem dia que o que mais queremos é abrir um buraco e se enfiar nele, mas se alguém pergunta "Tudo bem?" o que respondemos? "Tudo!" Não é tão simples se abrir, mesmo para os melhores amigos, certos assuntos não podem ser compartilhados. Cody não entendia isto, não aceitou, mas é assim que é.

Infelizmente deste livro não selecionei trechos porque ia lendo e refletindo. Cheguei ao final com meus pensamentos e quase nenhuma anotação. Mas aqui, não deixo de dizer: leia!

Bárbara Leilane - Auxiliar da tarde

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Resenha: Ícones

"... 13 Ícones caíram do céu, sendo que cada um pousou em uma das megacidades da Terra.
O próprio Dia se revelou a demonstração máxima dessa capacidade, quando, conforme já sabemos, os Lordes ativaram os Ícones e extinguiram toda a esperança de resistência ao fazerem de exemplo Goldengate, São Paulo, Köln-Bonn, Cairo, Bombaim e a Grande Pequim... as chamadas Cidades Silenciosas." Pág. 22




Ficha técnica

Título: Ícones #01
Série: Dangerous creatures
Autor: Margareth Stohl
Editora: Galera Record
Páginas: 383
Ano: 2014

Estava sem saber o que ler e então me lembrei de Ícones. Não conheço a saga Beautiful Creatures (Dezesseis Luas) e fiquei com medo de não entender Dangerous Creatures, imaginei que a semelhança dos nomes significasse uma interligação entre as histórias. Mas não.

"Chorão (Ícone doloris) Um Chorão é a encarnação humana da tristeza. Por natureza, o Doloris é um empático poderoso, quase telepático. Um Chorão consegue intuir tudo que é pensado ou dito por aqueles ao redor." Pág. 115

Eles chamam os aliens de Lordes e as naves que geram o campo eletromagnético de Ícone. "O Dia" é como eles se referem ao dia em que os alienígenas invadiram os céus e os Ícones geraram um campo eletromagnético que matou bilhares de pessoas ao seu redor, dentre elas a família de Dol e Ro. Quando o Dia chegou, Dol e Ro eram apenas bebês, o Padre os resgatou do Buraco (Los Angeles) e os criou na Missão, no campo. Eles vivem escondidos da Embaixada que, nas batidas à procura da Rebelião, levam remanescentes para os campos de Projetos. Ninguém sabe ao certo o que está sendo construído, apenas que é a mando dos Lordes e que a Embaixadora Amare segue a ordem deles ao manter os Projetos sempre em funcionamento.

"Amante (Ícone amoris)  Um Amante possui o carisma inato que assegura que ele será seguido até os confins do mundo, ao ponto que se torna difícil diferenciar a predileção do controle mental." Pág. 86

Posso estar equivocada, mas para mim esta é uma obra distópica. Catástrofe, governo opressor... ou pode ser só mais uma ficção, sei lá.

Os capítulos são intercalados por um "futuro". Entre um capítulo e outro temos trechos do que só entenderemos mais no fim do livro. Os nomes dos personagens são bem interessantes porque depois do Dia, eles não usam mais os nomes de batismo, assim, Doloria é Dol, ou Dolly e Ro é Furo. Dol e Ro são crianças ícones, assim como Tima e Lucas Amare. Pelos trechos em vermelho não fica difícil saber quem é qual criança ícone nos nossos protagonistas.

"Furioso (Ícone furoris) Um Furioso pode usar a fúria para canalizar força física incrível, como se fosse adrenalina fora de controle. " pág. 76

As crianças ícones foram projetadas em laboratório e possuem dons. Cada uma delas tem um sentimento super aguçado, o que as torna especiais, únicos e a esperança do Planeta. Dol, Ro, Tima e Lucas são imunes ao campo mortal das naves. Ro e Dol são unha e carne da mesma forma que Tima e Lucas. Mas enquanto Ro e Dol cresceram refugiados na humildade do campo, Lucas é filho da Embaixadora Amare e vive com Tima no luxo e segurança da Embaixada. São universos opostos mas o destino os une e antes que sigam pelo mesmo caminho e lutem do mesmo lado, precisam parar de brigar e confiarem uns nos outros.

A história é boa mas o final nem tanto. Como eles se chamam através de apelidos é a medida que lemos que entendemos quem realmente é, o que trás algumas surpresas. Já o fim... não me agradou muito. Já era previsível que um casal se formasse mas  não foi do meu agrado, se cada um ficasse com quem a princípio parecia estar, seria melhor. E no auge do livro, quando eles finalmente atacam o Ícone, o que seria uma mega explosão para mim soou como um estalinho de festa junina. Quem sabe a continuação, Ídolos, compense.

Legal que uma inteligência artificial da embaixada tem o nome inspirado em vários autores distópicos: George Orwell de 1984; Ray Bradbury autor de Fahrenheit 451; Aldous Huxley autor de Admirável Mundo Novo e Arthur C. Clarke autor de 2001 Odisseia Espacial. Se você não se interessar por Ícones pode gostar das indicações que o próprio nos dá.

Bárbara Leilane - Auxiliar da tarde 

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Resenha: Os três

" - Você sabe por que devemos tirar os sapatos antes de morrer?
- Não.
- Para não levar rastros de lama para a outra vida. Por isso existem tantos fantasmas sem pés." Pág. 385


Ficha da obra
Título: Os três
Autor: Sarah Lotz
Editora: Arqueiro
Páginas: 393
Ano: 2014

Os três é um livro incomum. Julguei pela capa que seria um suspense no estilo filme japonês, amei a coloração preta dos cortes do livro, que dá um "tchan!" e o deixa ainda mais sinistro. Mas... (suspiro)... não foi bem o que eu esperava.

Pense em um livro chamado "Quinta-feira Negra: da queda à conspiração" (DQAC) escrito por Elspeth Martins. Agora pense que DQAC foi parar dentro de outro livro. É exatamente o que acontece aqui, o livro de Elspeth é o livro os Três. Deu para entender? E o livro Quinta-feira Negra é igual a um documentário do Discovery Channel. Ele é composto por entrevistas, transcrições de conversas por telefone, e-mail ou skype e notícias. Francamente foi estranho ler uma ficção que mais parece um documentário. A história parecia muito real para não ser.

O enredo tem vários núcleos e temos que uni-los mentalmente para compreender os acontecimentos que estão interligados. No dia 12 de janeiro de 2012, 4 aviões caíram nos "quatro cantos do mundo" Japão, Flórida, Inglaterra e África. Era uma quinta-feira e o dia ficou conhecido como Quinta-feira Negra. Apenas 3 pessoas sobreviveram, cada uma de um avião, todas são crianças, dois meninos e uma menina:  Bobby do acidente no Japão, Hiro do acidente na Flórida e Jess do acidente na Inglaterra.

Nos últimos segundos de vida, uma passageira chamada Pamela, do acidente no Japão, envia uma mensagem de voz: 

"Eles estão aqui. Eu... Não deixe a Snookie comer chocolate, é veneno para os cachorros, ela vai implorar a você... O menino. O menino, vigiem o menino, vigiem as pessoas mortas, ah, meu Deus, elas são tantas... Estão vindo me pegar agora. Vamos todos embora logo. Todos nós. Tchau, Joanie, adorei a bolsa, tchau Joanie, pastor Le, avise a eles que o menino, não é para ele..." Pág. 88

3 sobrevientes, 3 crianças. Sorte? Coincidência? Estranho? Como a capa do livro é bastante sombria sabia que haveria algo de sobrenatural na explicação e as primeiras páginas alimentaram minhas expectativas, mas depois... A "autora" do livro dentro dos Três apresenta depoimentos que nos leva pensar que havia algo de errado com as crianças. Os parentes que ficaram com a guarda delas diziam que o comportamento das crianças mudou extremamente. As vezes, elas falavam como se soubessem de algo a mais, sempre misteriosas, rindo do que parecia não ter graça, agindo estranhamente. Tinha tudo para ser um livro muito bacana principalmente quando o tio de Jess começa a ser assombrado pelo fantasma do irmão que exalava cheiro de peixe podre. Para mim Jess era a mais assustadora de todas. 

"Ele parecia olhar direto através de mim. Depois... escute, Elspeth, isso vai parecer muito sinistro, mas eles começaram a marejar, como se ele fosse cair no choro, só que... meu Deus... isso é difícil... eles não estavam se enchendo de lágrimas e, sim, de sangue." Pág. 41

As pessoas interpretaram a sobrevivência dos Três de diversas formas. Alguns disseram que eles eram Cavaleiros do Apocalipse, outros, que eram aliens, que estavam possuídos, que eram milagres... Até Pamela foi considerada profeta! Daí você imagina o fervor que isto causou: começaram a lotar as igrejas em busca de salvação porque o fim dos tempos estava próximo; alguns queriam matar as crianças porque assim o Juízo final seria adiado; outros queriam tocar nelas para receberem um milagre, faziam cultos em homenagem à eles ou protestos contra. A questão virou política e até as eleições foram influenciadas pelos acontecimentos e por isto "Da queda", do avião, "a conspiração", pelos cultos, rebeliões e tal. Parece exagero mas faz até sentido, sempre encontramos aproveitadores tanto na política quanto na religião, sem falar nos outros segmentos. Só que eu esperava mais, porque eu queria um suspense, um terror! Por isto ansiava tanto pelas partes de Paul, o tio da Jess.

Mesmo tendo achado o livro meio decepcionante, sugiro que esteja na sua lista de leitura. O sucesso da leitura parte também da expectativa que temos dela e a minha foi uma, o que ela me ofereceu outra.

Bárbara Leilane - Auxiliar da tarde

terça-feira, 12 de julho de 2016

Perfil Madeleine Roux



Madeleine Roux nasceu em Minnesota, nos Estados Unidos. Formou-se em Escrita Criativa do Beloit College, em 2008. Na primavera de 2009, completou um termo de honra em Beloit College, propondo, escrita e apresentação de um longa-metragem de ficção histórica. Pouco depois, ela começou um blog de ficção experimental Allison Hewitt Is Trapped, que rapidamente se espalhou por toda a blogosfera, trazendo uma experiência exclusiva de ficção para os leitores.  Atualmente vive na Caliofórnia.

Asylum é seu romance de estreia e você confere aqui, na próxima semana a resenha.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Dica de leitura: Asylum

" A loucura é algo relativo. Depende muito do lado da grade em que a pessoa está." Pág. 180


Ficha da obra

Título: Asylum
Autor: Madeleine Roux
Ano: 2014
Editora: V&R Editoras
Páginas: 335

Asylum é um suspense de Madeleine Roux.

Dan está inscrito no Curso Preparatório New Hampshire durante o verão. Está ansioso com o início das atividades mas sente um sensação estranha quando encara o prédio do Brookline, onde se hospeda. O prédio é um antigo manicômio transformado em alojamento para a faculdade. 

Coisas estranhas acontecem durante aquele verão. Dan e seus amigos, Abby e Jordan, descobrem uma passagem secreta para as celas onde ficavam os internados, um anfiteatro operatório, fotos dos pacientes em tratamento e a ligação de suas vidas com aquele lugar.

"Ele foi um dos assassinos internados aqui. Um assassino em série. Matava as pessoas e depois criava uns cenários, com os cadáveres fazendo o papel de estátua...
Ele era chamado de o Escultor, e veio para cá, para o Brookline." Pág. 247

"Você também pode ser um deles. Pode ser imortal. Fazendo pose, com uma careta ou um sorriso. Estou à sua espera no quinto andar, Daniel, para esculpir você." (pág. 255)

É um suspense bem elaborado, escrito em primeira pessoa pelo narrador personagem Daniel Crawnford. Daria um bom filme, daqueles que vão te levando suavemente até os últimos minutos de apreensão. O texto é simples, fácil de ser compreendido e com muito diálogo, o que faz a leitura render.

Existe um suspense em quem está atormentando Dan ou se é tudo ilusão. Ele recebe e-mails que surgem e desaparecem misteriosamente da caixa de entrada e bilhetes anônimos que o deixam ainda mais perturbado. No decorrer da leitura descobrimos que Dan viveu em vários orfanatos na infância e faz terapia para ajudar nos traumas. Isto me fez questionar se poderia ser ele mesmo o assassino e louco da história. Já havia percebido que ele sempre estava dormindo ou desmaiado quando alguém era atacado e nos capítulos finais ele mesmo faz este questionamento, principalmente depois de descobrir a ligação que tem com o diretor do sanatório.

(pág. 170)


Gosto de suspenses e em toda a leitura fiquei pensando em como ele seria se fosse adaptado para o cinema. Fiquei me lembrando de quando li A Mulher de Preto de Suasn Hill, o ritmo da leitura é bem parecido. Uma funcionária da escola perguntou se eu havia gostado do livro e eu parei por alguns segundos antes de responder e ela: "Demorou responder, não gostou." Mas na verdade eu gostei sim é apenas uma dificuldade minha: não disponho de tempo suficiente para ler vários capítulos seguidos então a leitura fica partida e o clima de mistério de apreensão acaba se dissolvendo quando interrompo a leitura. Quando a retomo, é preciso recriá-lo e aí... está na hora de parar de ler. Então minha avaliação sobre um livro de suspense ser bom é imaginar se um filme daquela obra seria bom e desta forma; sim, eu gostei de Asylum, principalmente quando imaginei esta cena:

"Com o fio do bisturi, *** traçou de leve um sorriso de palhaço no próprio rosto, deixando uma pequena linha curvada e vermelha na pele - um corte superficial, porém visível." Pág. 311

O *** é por minha conta para não revelar o nome do personagem.
O que mais gostei em Asylum não foi do texto mas das imagens, muito realistas! Uma nota no fim do livro diz que elas são fotomontagens criadas por um estúdio com base outras de manicômios reais. Nossa, elas são ótimas, reparou na foto mais acima?












Descobri que Asylum tem continuação, Sanctum é o livro dois e ainda temos outros dois extras: Scarlets e Artistas dos Ossos.

Boa leitura!

Bárbara Leilane - Auxiliar da tarde


quinta-feira, 30 de junho de 2016

Perfil Andy Weir



Andy cresceu lendo ficção científica. Sempre se interessou pelo espaço e assuntos como física relativa, mecânica orbital e histórias de voos tripulados ao espaço. Estudou ciências da computação na Universidade da Califórnia em San Diego, porém não se formou.Aos quinze anos de idade, começou a trabalhar em um laboratório nacional. Desde então, tem trabalhado como engenheiro de softwares.

Quando tinha vinte anos, começou a escrever contos e publicá-los em seu site de trabalhos criativos, o Galactnet. Lá é possível ler o conto pelo qual ganhou destaque, O Ovo (traduzido para português), disponível em vários idiomas.

Em 2011 lançou por conta própria seu romance de estréia The Martian em versão E-Book. Foi comprado pela Crown Publishing Group e relançado em 2014 numa versão de capa dura e pela Twentieth century Fox foi adaptado para filme.

Foi lançado no Brasil pela Editora Arqueiro em Outubro de 2014 com o título Perdido em Marte ( Confira a resenha clicando aqui.)

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Resenha: Perdido em Marte

"Então, esta é a situação: estou perdido em Marte. Não tenho como me comunicar com a Hermes nem com a Terra. todos acham que estou morto. Estou em um Hab projetado para durar 31 dias.
Seo o oxigenador quebrar, vou sufocar. Se o Hab se romper, vou explodir. Se nada disso acontecer, vou ficar sem alimento e acabar morrendo de fome.
Então, é isso mesmo. Estou ferrado" Pág. 14

Ficha catalográfica
Título: Perdido em Marte
Autor: Andy Weir
Editora: Arqueiro
Ano: 2014
Páginas: 335

Mark Watney é botânico, engenheiro mecânico, astronauta E um homem ferrado! Sim. Não me importo de usar este vocabulário tão baixo porque é desta forma que ele se descreve, várias vezes, no livro. Durante uma forte tempestade de areia, sofre um acidente à caminho do VAM (Veículo de  Ascenção de Marte)e é deixado para trás. Por sorte do marcianos (ou não) ele sobrevive mas tem tantos problemas que talvez a morte fosse o mais fácil. mas ao contrário dos meus pensamentos desanimadores, Mark tem um espírito de sobrevivência gigante e um humor mais incrível ainda. Eu, certamente teria sentado e chorado até me afogar em lágrimas dentro do traje espacial ou me lançado ao espaço.

"Estou fodido e vou morrer!" Pág. 39

Exagerada? Bom, coloque-se no lugar dele! Mark está em Marte e se você não é muito bom em geografia, vou te dizer onde Marte está: Marte é o 4º planeta do Sistema Solar, está a aproximadamente 70 milhões de quilômetros daqui. Ele está sozinho, com comida para uns 400 dias usando uma máquina para reaproveitar água e outra para oxigenar o ar que podem parar a qualquer momento. Um detalhe assim, bem insignificante, é que a missão de resgate deve chegar só daí uns... 4 anos!

Felizmente, Watney usa o humor (e não o suicídio) para expressar seu desespero e planeja, calcula executa, xinga e quase morre várias vezes lutando para sobreviver até o resgate chegar. A princípio sua preocupação era a comida e ele, magnificamente, faz uma pequena plantação de batata usando as próprias fezes como abudo. Eca! Mas viver dependia daquilo.

Como ele depende da matemática, da química e da biologia em tudo, uma boa parte da leitura é explicando seus procedimentos para fazer as batatas germinarem, para calcular rotas, para separar hidrazina, para produzir água... e ao contrário do que eu esperava, mesmo tendo entendido pouco do que ele explicou, a leitura não é chata nem cansativa. Pelo contrário, é um livro super gostoso de se ler porque, como já disse, Mark é muito divertido e te distrai mesmo quando está explicando como reconectar as válvulas e porque o Hab quase explodiu e como ele queimou seu único meio de comunicação com a Terra, a Pathfinder.

O livro é dividido entre as partes do diário escrito pelo Mark e o que acontece aqui na Terra para tentar salvá-lo. Ele usa a posição de uma lua de Marte, Fobos, para se orientar durante as viagens porque não dispõe de sistemas de navegação. Os dias de Mark são contados em sóis, ele é deixado em Marte em Sol 6 e resgatado em Sol 549, foram 543 sóis em Marte, o que corresponde a um ano e meio comendo batatas, fazendo as necessidades fisiológicas em sacos plásticos, assistindo a seriados dos anos 1970, ouvindo disco music, lendo Agatha Christie e tentando não se matar.

"Bem, fiz merda.
Em algum momento, ia acontecer." Pág. 267

Não assisti ao filme ainda e nem sei se assistirei pois as adaptações decepcionam os leitores. Julgando pelo livro indico com firmeza a leitura: é ótimo!