segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Resenha Extraordinário


“Vamos criar uma nova regra de vida... sempre tentar ser um pouco mais gentil que o necessário?” página 302

Sabe aquele livro que te faz refletir e repensar a forma como vê o mundo, como julga as pessoas? Assim é Extraordinário de R. J. Palacio. August (Auggie) Pullman nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade... até agora.

Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.

“Sei que não sou um garoto de dez anos comum. Quer dizer, é claro que faço coisas comuns. (...) Essas coisas me fazem ser comum. Por dentro. Mas sei que crianças comuns não fazem outras crianças comuns saírem correndo e gritando do parquinho. Sei que os outros não ficam encarando as crianças comuns aonde quer que elas vão. (…) A única razão de eu não ser comum é que ninguém além de mim me enxerga dessa forma.” página 11
Extraordinário é escrito de uma forma simples e tocante.

Os capítulos na perspectiva de Auggie são bastante comoventes. Quantas vezes não ficamos observando um cadeirante ou até mesmo alguém que julgamos ser muito feio? Ou um mendigo ou alguém com a aparência fora do que temos como “padrão”. Muitas vezes, certamente. E quantas vezes alguma destas pessoas lhe disse o quanto ficou incomodado enquanto você o encarava? Acho que nenhuma. E este é o ponto a que me refiro como comovente do livro. Auggie fala para nós como se sentem estas pessoas quando agimos assim. O quanto podemos ser cruéis só de olhar. E por mais que nós “perfeitos e comuns” pensemos a respeito do quanto isso é grosseiro, desagradável e desconfortável, talvez nunca tenhamos sentido a profundidade do nosso ato. Nas descrições de August avaliamos a situação sob a visão dele e é muito tocante. É como disse, não somos capazes de imaginar o quanto é incômodo e doloroso.

O livro intercala a história contada por Auggie e por outros personagens importantes. A parte de sua irmã, Via, achei muito interessante porque ela ama August, mas prefere não ser vista com ele. Fico pensando o quanto deve ser delicada uma posição assim: ela sente vergonha do irmão ou quer proteger e não expô-lo? Ou é um pouco de cada? Pensar desta forma significa que o ame menos do que deveria?

Coragem. Bondade. Amizade. Caráter. Essas são as qualidades que nos definem como seres humanos e acabam por conduzir à grandeza. (…) A grandeza não está em ser forte, mas no uso que fazemos da força... Grande é aquele cuja força conquista mais corações...” página 305

Summer é a primeira amiga, amiga verdadeira de August e que bom seria se todos nós tomássemos a mesma decisão que ela “Sentei com ele naquele primeiro dia porque tive pena Só isso.(...) Então simplesmente fui até lá e me sentei. Nada de mais. Queria que as pessoas parassem de tentar fazer parecer grande coisa.” (página 127). Você já agiu assim? Ajudou alguém porque não gostaria de estar em situação similar, porque quis fazer diferente e não simplesmente se juntar ao grupo?

Sr. Buzanfa (não riam, é sério!), o diretor, toma uma decisão questionável: escolher um grupo de alunos para o comitê de boas vindas e incumbi-los de tornar a adaptação de August mais confortável. Pense em quando você era criança e sua mãe dizia que você deveria ser amigo de alguém porque ela era amiga da mãe dele. Só porque elas eram amigas e pelo julgamento da sua mãe, aquela seria uma boa amizade, não significava que ele realmente fosse um bom amigo ou sequer agradável. A intenção do diretor era das melhores possíveis, certamente, mas é uma daquelas situações em que a boa intenção por si só não basta.

Outra personagem que me chama atenção é Melissa, mãe do Julian. Ela é... cruel, insensível, desumana. É inacreditável que um adulto possa ser tão preconceituoso! (e mais inacreditável ainda que existam pessoas assim de verdade). São poucas as partes em que se fala dela, mas é uma daquelas situações em que o pouco já é o suficiente. Julgue você mesmo: “pessoas como ela estão mais preocupadas com uma foto bonita da turma do filho do que com fazer o que é certo. Você soube do photoshop, não soube?” página 179. E nem precisa dizer em quem ela fez o photoshop, precisa?

“Toda pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo” página 313

E através de todas as sensíveis situações vividas por August, por percebermos o outro lado, por nos identificarmos tantas vezes, que Extraordinário é o livro mais tocante que li neste ano. Apesar das passagens desanimadoras e impiedosas da história de Auggie ele segue em frente. É muita força para um garoto de dez anos.

A história é fictícia mas se aproxima assustadoramente da realidade e a lição de moral, de caráter, é bem clara.

“(...) deveríamos ser lembrados pelas coisas que fazemos. Elas importam mais do que tudo. Mais do que aquilo que dizemos ou do que nossa aparência. As coisas que fazemos sobrevivem a nós. São como os monumentos que as pessoas erguem em honra dos heróis (…). Só que em vez de pedra, são feitas das lembranças que as pessoas têm de você. Por isso nossos feitos são nossos monumentos. Construídos com memórias em vez de pedra.” página 72 


Boa leitura!

Resenha de Bárbara Leilane – Auxiliar da tarde


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VÁLIDO PARA 11 DE MAIO

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Resenha Pao.com.manteiga


Que tipo de livro teria como título “pão.com.manteiga” ? A primeira informação é que a história é relacionada a internet. Mas o que teria a ver a internet com nosso café da manhã?


Paulo é adolescente e em um daqueles dias em que você está querendo dar uma “repaginada”, muda seu perfil no MSN. Enquanto comia um pão, sem manteiga mesmo, surge a ideia de qual apelido adotar. Pouco depois, sua amiga Carol comenta com Renatinha que um amigo havia se apelidado de Pão. Renata se interessa e muda seu nome para Manteiga.

As mentiras começam aí, trocando os nomes dos personagens principais. Eles, Pão e Manteiga, ficam amigos e quando a curiosidade de ver o outro surge, mais mentiras: cada um usa uma foto que não é a real e inventam vidas que gostariam de ter.

A família de Paulo está com dificuldades financeiras e ele diz ser muito rico, que os pais estão de férias no exterior, que ele está relaxando na piscina... Renata é gordinha e diz ter um corpo de top model, lindos cabelos ondulados... Enfim, aquelas conversas mentirosas da sala de bate-papo que não vão dar em nada porque, provavelmente, você nunca irá se encontrar com a outra pessoa e se encontrar, quem poderia confirmar que era mesmo você?

Acho este perfil bastante realista. Trabalhando com adolescentes da era virtual, não foram poucas as vezes que me confidenciaram estas brincadeiras de identidade. No entanto, Paulo e Renata estão tão insatisfeitos com a vida real que ficam ansiosos para assumir a personalidade que adotam no MSN. Eles gostam e chegam a desejar que fosse verdade.

Já estava pensando em onde iria parar aquela brincadeira, que estava ficando séria, quando Pão e Manteiga reconhecem que a única vida que temos é a que vivemos. Que se não estamos satisfeitos com nossa aparência, nossos amigos, nossa condição social, questões políticas ou o que quer que seja, é aqui que temos que fazer a mudança. Nos escondermos atrás de perfis perfeitos na rede social não muda o que somos. A crítica de Jonas Ribeiro (autor) é muito clara quando lemos o trecho onde Pão se cansa da virtualidade e se assume como Paulo:

"Não quero mais saber de turbinar meu computador, de amigos gamemaníacos, de ficar jogando on-line, de atualizar meu perfil todo santo dia, de cartões virtuais. Chega!!! A internet não pode substituir a casa de um migo e o cheiro de uma garota. Acabamos abrindo mão do prazer pela comodidade. Que loucura fazer compras num shopping virtual! Será que vamos colocar nossos sonhos num site da web e ponto com ponto br? Só falta agora a gente fazer download dos sentimentos que quer sentir. A grande revolução está na emoção e não na hipermídia."

O livro é fininho, fácil de ler e as ilustrações ajudam os “preguiçosos” a se sentirem estimulados a realizar a leitura. Como a história é em um universo jovem e virtual, encontramos muitas gírias, internetês e emoticons. Também outros aspectos com as turmas ou tribos, romance, amizade e as confusões sentimentais. Recomendo. Apenas no finalzinho, lá pelas últimas cinco ou dez páginas que a trama fica meio confusa e se perde da principal. Aparece um mendigo no bar, e eu realmente acho que foi uma enrolação para acabar o livro. Ficou um final como vocês diriam: “Nada a ver”.

Resenha de Bárbara Leilane – Auxiliar da tarde

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