Waldir Chagas Sidnei de Souza, um menino de 11 anos que leu 274
livros em apenas sete meses, garante que continua sendo um leitor
assíduo e que tem uma motivação a mais para praticar seu hábito
preferido. “Continuo lendo muito. Eu gosto muito de ler e agora estou
com livros novos”, explicou. O pequeno morador da zona rural de São
Félix do Araguaia, a 1.159 quilômetros de Cuiabá, que sonha ser piloto
de avião, recebeu um presente especial da Força Aérea Brasileira (FAB).
Em dezembro do ano passado, Waldir foi o campeão de um projeto
desenvolvido pela escola rural Nova Suia, com o objetivo de incentivar
a leitura. Ele leu 274 obras no total, sendo que 224 eram livros e 50
eram gibis. "O projeto 'Leituras e Resumos' foi desenvolvido com os
coordenadores da escola, juntamente com os pais, para motivar as
crianças a ler como complemento à disciplina de língua portuguesa”,
explicou a mãe e professora do menino, Renilda das Chagas, idealizadora
do projeto.
Em entrevista, na época da competição,
Waldir disse que tinha o sonho de ser piloto, no entanto, não tinha
livros sobre o assunto. “Quando eu crescer quero ser piloto da
Aeronáutica. Mas ainda não achei nenhum livro sobre isso”, afirmou o
garoto na época. Mas em fevereiro deste ano, Waldir teve um novo motivo
para comemorar. Isso porque oficiais do Destacamento de Controle do
Espaço Aéreo de São Félix do Araguaia (DTCEA-FA) o presentearam com uma
coleção de obras e revistas com a temática. Waldir ganhou cerca de 40
novos livros, além de três DVDs sobre a Força Aérea Brasileira.
O primeiro-tenente do destacamento de São Félix do Araguaia, João Luis Coelho da Silva, disse que
a história de Waldir foi descoberta pelo Centro de Comunicação Social
da Aeronáutica (Cecomsaer), situado em Brasília (DF), e emocionou os
funcionários da FAB. “Ficamos sabendo primeiro da reportagem do G1,
da história do menino Waldir e que ele venceu o projeto Leituras e
Resumos da escola do assentamento. E nos chamou atenção o que ele falou
em uma das frases dele, de sonhar em ser piloto e que não tinha livros
sobre isso. Aquilo nos motivou e emocionou”.
Além dos presentes, Waldir ganhou ainda uma visita à unidade da
Aeronáutica. Junto com os pais, professores e autoridades locais, ele
viajou quase 100 quilômetros para conhecer as instalações e o
funcionamento dos radares e sistemas de comunicação do destacamento de
São Félix do Araguaia. “Eu gostei muito, principalmente do radar. É
tudo muito legal lá”, disse o menino.
De acordo com João Luis Coelho, no destacamento não há aeronaves, o
que não possibilitou fazer um voo com o garoto. No entanto, o tenente
garante que ficou com a certeza que Waldir gostou da visita e mantém a
vontade de ser piloto. “Os olhos dele ficavam brilhando enquanto
conhecia tudo. Eu abri uma revista para ele com todas as profissões que
têm na Aeronáutica e disse assim 'olha Waldir, dá para você ser
controlador de voo, mexer com radar...', mas na hora ele me disse 'mas
eu quero ser piloto'”, recordou com bom humor.
O tenente afirma ainda que a história de Waldir e a determinação do
menino com a leitura e com o sonho de voar os tornaram uma pessoa
melhor. “Para mim é motivo de orgulho e nostalgia ver um menino como
ele, que tem uma condição social baixa, ser tão dedicado, determinado,
sabendo o que quer. Isso me impulsionou para que eu fizesse mais. Me
motivou mais. Vou tentar ajudar a escola do Waldir agora com
computadores. Ele [Waldir] me informou que sua escola não possuía
nenhum computador e neste momento, aqui em Manaus [onde o tenente
estava no momento da reportagem], estou envidando esforços para
conseguir realizar o seu desejo”, disse .
João Luis Coelho relata ainda que viu em Waldir o menino que ele
foi no passado. “Também vim de uma família humilde, tive sonhos, tive
que lutar para conseguir chegar onde cheguei e hoje eu o vejo
espelhando o que eu era no passado. Foi muito gratificante. Isso nos
incentiva a fazer mais. Vi naquele menino humilde, o filme da minha
própria história. Foi emocionante”, enfatizou.
Para realizar o sonho de Waldir de voar, o tenente planeja promover
um torneio de redações entre as escolas de São Félix do Araguaia e
premiar os alunos com um passeio de avião. “Para o 12º aniversário do
Destacamento eu estou planejando promover jogos envolvendo as escolas
da cidade. E conversar com a companhia aérea que trabalha por aqui,
entregar um ofício para eles, e ver se consigo uns 15 ou 20 minutos
durante uma escala deles para voar com as crianças. E levá-las através
de um sorteio ou concurso de redação. E eu quero incluir a escola do
Waldir”, pontuou.
Os Auxiliares.
Fonte: G1