A terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, a ser
apresentada hoje na Câmara, revelou que a população leitora diminuiu no
País. Enquanto em 2007 55% dos brasileiros se diziam leitores, hoje
esse porcentual caiu para 50%.
São considerados leitores aqueles que
leram pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa.
Diminuiu também, de 4,7 para 4, o número de livros lidos por ano.
Entraram nessa estatística os livros iniciados, mas não acabados. Na
conta final, o brasileiro leu 2,1 livros inteiros e desistiu da leitura
de 2.
A pesquisa foi feita pelo Ibope Inteligência por encomenda do
Instituto Pró-Livro (IPL), entidade criada em 2006 pela Câmara
Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional de Editores e Associação
Brasileira de Editores de Livros Escolares. "É no mínimo triste a gente
não poder comemorar um crescimento", disse Karine Pansa, que acumula a
direção do IPL e da CBL. Ontem, o Estado mostrou que 75% dos
brasileiros nunca pisaram em uma biblioteca.
Participaram da apresentação representantes de entidades livreiras e
do poder público, entre eles a ministra da Cultura, Ana de Hollanda.
Ela destacou a importância do estudo para o direcionamento das
políticas públicas do Minc e do Ministério da Educação. "Temos de ter
um olhar da cultura que vai além do ensino e que abra os olhos para
outras dimensões. O livro é que vai permitir a formação da cidadania",
disse a ministra.
O levantamento foi realizado entre junho e julho de 2011, com 5.012
pessoas de 315 municípios, com 5 anos ou mais, em suas próprias casas.
Todas as regiões do País foram incluídas e a margem de erro é de 1,4%.
Para compor o mapa da leitura,
questões diversas foram analisadas. Os principais motivos que mantêm
leitores longe de livros são falta de tempo (53%) e desinteresse (30%).
O livro digital, novidade deste ano, já é de conhecimento de 30% dos
brasileiros e 18% deles já os usaram. A metade disse que voltaria a ler
nesse formato.
A mãe não é mais a maior incentivadora da leitura, como aparecia na
pesquisa passada. Para 45% dos entrevistados, o lugar é ocupado agora
pelo professor. A biblioteca é o lugar escolhido para a leitura de um
livro por apenas 12% dos brasileiros - 93% dos que leem o fazem em
casa. Ter mais opções de livros novos foi apontado por 20% dos
entrevistados como motivo para frequentar uma biblioteca. Porém, para
33% dos brasileiros, nada os convenceria a entrar em uma.
Entre o passatempo preferido, ler livros, periódicos e textos na
internet ocupa a sexta posição (28%). Na pesquisa anterior, o índice
era de 36%. Assistir à televisão segue na primeira posição (85%) - em
2007, era a distração de 77% dos entrevistados.
Dos 197 escritores citados, os mais lembrados foram Monteiro Lobato,
Machado de Assis, Paulo Coelho, Jorge Amado e Carlos Drummond de
Andrade. Já os títulos mais mencionados foram a Bíblia, A Cabana, Ágape, O Sítio do Picapau Amarelo - que não é exatamente título de nenhum livro de Lobato - e O Pequeno Príncipe. Best-sellers como Crepúsculo, Harry Potter e O Monge e o Executivo também aparecem.
Os Auxiliares.
Fonte: Estadão