quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Resenha: Ícones

"... 13 Ícones caíram do céu, sendo que cada um pousou em uma das megacidades da Terra.
O próprio Dia se revelou a demonstração máxima dessa capacidade, quando, conforme já sabemos, os Lordes ativaram os Ícones e extinguiram toda a esperança de resistência ao fazerem de exemplo Goldengate, São Paulo, Köln-Bonn, Cairo, Bombaim e a Grande Pequim... as chamadas Cidades Silenciosas." Pág. 22




Ficha técnica

Título: Ícones #01
Série: Dangerous creatures
Autor: Margareth Stohl
Editora: Galera Record
Páginas: 383
Ano: 2014

Estava sem saber o que ler e então me lembrei de Ícones. Não conheço a saga Beautiful Creatures (Dezesseis Luas) e fiquei com medo de não entender Dangerous Creatures, imaginei que a semelhança dos nomes significasse uma interligação entre as histórias. Mas não.

"Chorão (Ícone doloris) Um Chorão é a encarnação humana da tristeza. Por natureza, o Doloris é um empático poderoso, quase telepático. Um Chorão consegue intuir tudo que é pensado ou dito por aqueles ao redor." Pág. 115

Eles chamam os aliens de Lordes e as naves que geram o campo eletromagnético de Ícone. "O Dia" é como eles se referem ao dia em que os alienígenas invadiram os céus e os Ícones geraram um campo eletromagnético que matou bilhares de pessoas ao seu redor, dentre elas a família de Dol e Ro. Quando o Dia chegou, Dol e Ro eram apenas bebês, o Padre os resgatou do Buraco (Los Angeles) e os criou na Missão, no campo. Eles vivem escondidos da Embaixada que, nas batidas à procura da Rebelião, levam remanescentes para os campos de Projetos. Ninguém sabe ao certo o que está sendo construído, apenas que é a mando dos Lordes e que a Embaixadora Amare segue a ordem deles ao manter os Projetos sempre em funcionamento.

"Amante (Ícone amoris)  Um Amante possui o carisma inato que assegura que ele será seguido até os confins do mundo, ao ponto que se torna difícil diferenciar a predileção do controle mental." Pág. 86

Posso estar equivocada, mas para mim esta é uma obra distópica. Catástrofe, governo opressor... ou pode ser só mais uma ficção, sei lá.

Os capítulos são intercalados por um "futuro". Entre um capítulo e outro temos trechos do que só entenderemos mais no fim do livro. Os nomes dos personagens são bem interessantes porque depois do Dia, eles não usam mais os nomes de batismo, assim, Doloria é Dol, ou Dolly e Ro é Furo. Dol e Ro são crianças ícones, assim como Tima e Lucas Amare. Pelos trechos em vermelho não fica difícil saber quem é qual criança ícone nos nossos protagonistas.

"Furioso (Ícone furoris) Um Furioso pode usar a fúria para canalizar força física incrível, como se fosse adrenalina fora de controle. " pág. 76

As crianças ícones foram projetadas em laboratório e possuem dons. Cada uma delas tem um sentimento super aguçado, o que as torna especiais, únicos e a esperança do Planeta. Dol, Ro, Tima e Lucas são imunes ao campo mortal das naves. Ro e Dol são unha e carne da mesma forma que Tima e Lucas. Mas enquanto Ro e Dol cresceram refugiados na humildade do campo, Lucas é filho da Embaixadora Amare e vive com Tima no luxo e segurança da Embaixada. São universos opostos mas o destino os une e antes que sigam pelo mesmo caminho e lutem do mesmo lado, precisam parar de brigar e confiarem uns nos outros.

A história é boa mas o final nem tanto. Como eles se chamam através de apelidos é a medida que lemos que entendemos quem realmente é, o que trás algumas surpresas. Já o fim... não me agradou muito. Já era previsível que um casal se formasse mas  não foi do meu agrado, se cada um ficasse com quem a princípio parecia estar, seria melhor. E no auge do livro, quando eles finalmente atacam o Ícone, o que seria uma mega explosão para mim soou como um estalinho de festa junina. Quem sabe a continuação, Ídolos, compense.

Legal que uma inteligência artificial da embaixada tem o nome inspirado em vários autores distópicos: George Orwell de 1984; Ray Bradbury autor de Fahrenheit 451; Aldous Huxley autor de Admirável Mundo Novo e Arthur C. Clarke autor de 2001 Odisseia Espacial. Se você não se interessar por Ícones pode gostar das indicações que o próprio nos dá.

Bárbara Leilane - Auxiliar da tarde 

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Resenha: Os três

" - Você sabe por que devemos tirar os sapatos antes de morrer?
- Não.
- Para não levar rastros de lama para a outra vida. Por isso existem tantos fantasmas sem pés." Pág. 385


Ficha da obra
Título: Os três
Autor: Sarah Lotz
Editora: Arqueiro
Páginas: 393
Ano: 2014

Os três é um livro incomum. Julguei pela capa que seria um suspense no estilo filme japonês, amei a coloração preta dos cortes do livro, que dá um "tchan!" e o deixa ainda mais sinistro. Mas... (suspiro)... não foi bem o que eu esperava.

Pense em um livro chamado "Quinta-feira Negra: da queda à conspiração" (DQAC) escrito por Elspeth Martins. Agora pense que DQAC foi parar dentro de outro livro. É exatamente o que acontece aqui, o livro de Elspeth é o livro os Três. Deu para entender? E o livro Quinta-feira Negra é igual a um documentário do Discovery Channel. Ele é composto por entrevistas, transcrições de conversas por telefone, e-mail ou skype e notícias. Francamente foi estranho ler uma ficção que mais parece um documentário. A história parecia muito real para não ser.

O enredo tem vários núcleos e temos que uni-los mentalmente para compreender os acontecimentos que estão interligados. No dia 12 de janeiro de 2012, 4 aviões caíram nos "quatro cantos do mundo" Japão, Flórida, Inglaterra e África. Era uma quinta-feira e o dia ficou conhecido como Quinta-feira Negra. Apenas 3 pessoas sobreviveram, cada uma de um avião, todas são crianças, dois meninos e uma menina:  Bobby do acidente no Japão, Hiro do acidente na Flórida e Jess do acidente na Inglaterra.

Nos últimos segundos de vida, uma passageira chamada Pamela, do acidente no Japão, envia uma mensagem de voz: 

"Eles estão aqui. Eu... Não deixe a Snookie comer chocolate, é veneno para os cachorros, ela vai implorar a você... O menino. O menino, vigiem o menino, vigiem as pessoas mortas, ah, meu Deus, elas são tantas... Estão vindo me pegar agora. Vamos todos embora logo. Todos nós. Tchau, Joanie, adorei a bolsa, tchau Joanie, pastor Le, avise a eles que o menino, não é para ele..." Pág. 88

3 sobrevientes, 3 crianças. Sorte? Coincidência? Estranho? Como a capa do livro é bastante sombria sabia que haveria algo de sobrenatural na explicação e as primeiras páginas alimentaram minhas expectativas, mas depois... A "autora" do livro dentro dos Três apresenta depoimentos que nos leva pensar que havia algo de errado com as crianças. Os parentes que ficaram com a guarda delas diziam que o comportamento das crianças mudou extremamente. As vezes, elas falavam como se soubessem de algo a mais, sempre misteriosas, rindo do que parecia não ter graça, agindo estranhamente. Tinha tudo para ser um livro muito bacana principalmente quando o tio de Jess começa a ser assombrado pelo fantasma do irmão que exalava cheiro de peixe podre. Para mim Jess era a mais assustadora de todas. 

"Ele parecia olhar direto através de mim. Depois... escute, Elspeth, isso vai parecer muito sinistro, mas eles começaram a marejar, como se ele fosse cair no choro, só que... meu Deus... isso é difícil... eles não estavam se enchendo de lágrimas e, sim, de sangue." Pág. 41

As pessoas interpretaram a sobrevivência dos Três de diversas formas. Alguns disseram que eles eram Cavaleiros do Apocalipse, outros, que eram aliens, que estavam possuídos, que eram milagres... Até Pamela foi considerada profeta! Daí você imagina o fervor que isto causou: começaram a lotar as igrejas em busca de salvação porque o fim dos tempos estava próximo; alguns queriam matar as crianças porque assim o Juízo final seria adiado; outros queriam tocar nelas para receberem um milagre, faziam cultos em homenagem à eles ou protestos contra. A questão virou política e até as eleições foram influenciadas pelos acontecimentos e por isto "Da queda", do avião, "a conspiração", pelos cultos, rebeliões e tal. Parece exagero mas faz até sentido, sempre encontramos aproveitadores tanto na política quanto na religião, sem falar nos outros segmentos. Só que eu esperava mais, porque eu queria um suspense, um terror! Por isto ansiava tanto pelas partes de Paul, o tio da Jess.

Mesmo tendo achado o livro meio decepcionante, sugiro que esteja na sua lista de leitura. O sucesso da leitura parte também da expectativa que temos dela e a minha foi uma, o que ela me ofereceu outra.

Bárbara Leilane - Auxiliar da tarde