terça-feira, 17 de março de 2015

A vida na porta da geladeira

O título do livro já é bastante interessante; dá a ideia de bilhetes, fotos e desenhos pregados na porta da geladeira e é exatamente assim que a história é contada.

Claire tem 15 anos e mora com sua mãe que é médica. Seus pais estão divorciados e a correria do trabalho da mãe a impede de cuidar da rotina da casa e de acompanhar o crescimento da filha. Assim, elas se comunicam através de recados.

A falta do contato pessoal faz com que os bilhetes não se limitem apenas a um pedido para ir ao supermercado ou um lembrete de "não se esqueça". Nos papeizinhos há confissões, brigas, pedidos, declarações de carinho e apoio. É triste a percepção que Claire tem da ausência da mãe e também da mãe que se sente culpada pelo distanciamento e responsabilidade dirigida a filha.

Os recados são expressivos, com uso da caixa alta em algumas palavras para realçar sua intensidade como uma frase gritada ou um lamento. As conversas tornam-se delicadas quando por um bilhete Claire descobre a doença da mãe. Elas então trocam mensagens de dor e apoio. Os conflitos da adolescência também são assunto nos recados e se não fosse o fato de serem compartilhados através de um pedaço de papel ,seria uma história como muitas outras. O diferencial de A Vida Na Porta Da Geladeira está no sentimento que nos toma da forma como se dá a relação entre elas. E que se valha a coincidência de uma relação entre mãe e filha ser tão fria quanto o ambiente atrás da porta do cenário na história. Um trocadilho da autora?

A relação desta família nos faz refletir sobre como, às vezes, estamos tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes uns dos outros. Quanto tempo sua família passa junta, em uma atividade saudável e rica como uma conversa, um passeio, um jogo...? Imagine não ter tempo para conversar com seus familiares e receber notícias importantes por recados? Que valor você dá ao tempo que dispõe com as pessoas que são importantes para você? Você pode se acostumar com este distanciamento e não perceber a falta do contato pele-a-pele. E mesmo quando o encontro se fizer possível, substituí-lo por uma forma impessoal de comunicação. Nossa personagens passam por isto, tente perceber durante a leitura.
A velocidade com que passam o dia somada aos compromissos nos leva ao distanciamento e o tempo que dispomos para estar junto é cada vez menor. Triste, comovente, insensível?

Leia, tire suas conclusões, faça suas reflexões e repense a dedicação para com as pessoas que lhe são queridas.

                                          Bárbara Leilane - Auxiliar da tarde



2 comentários:

  1. Aii que perfeitoo
    Já li um livro desse mesmo modelo só que eram e-mails, e o leitor é muito mais cativado , é uma forma muito dinamica e criativa essas formas diferentes de escrever
    Ameiii o assunto tratado nele ... Tipo , é muito nossa realidade
    E as vezes , vc pode ter todo o tempo do mundo pra ter um relacionamento maravilhoso com familiares e tals, mas o celular, internet, o estar conectado com tudo e com todos, faz essa conexão tete a tete se perca

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    1. E mais, a correria em que vivemos da escola para o curso e para o estágio e para o grupo ... estamos sempre a mil por hora e aqueles que deveriam ser o mais próximos acabam ficando mais distantes. Passamos menos tempo em casa e acabamos nos envolvendo menos com nossos familiares. Sejamos sinceros, quem nunca passou horas com um amigo e quando chegou em casa foi direto para o quarto?

      Obrigada por ter participado tão ativamente na nossa promoção! Espero continuar te encontrando por aqui, sempre disponibilizamos dicas legais para leitura.

      Pode retirar seu brinde! ^^

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