terça-feira, 26 de agosto de 2014

Resenha da trilogia Delírio

"É o mais mortal entre todos os males: você pode morrer de amor ou da falta dele." Página 9.


Delírio foi a primeira distopia que li (se você não sabe o que é distopia leia nosso post AQUI). O livro me chamou atenção primeiro pela capa que é linda e depois pelo que li na sinopse. Como sou uma mulher assumidamente apaixonada pela família, pelos amigos, pela profissão, pela vida, achei muito louca a ideia do livro de tratar o amor como uma doença. Mais do que isso, de definirem sintomas, profilaxia, tratamento e tudo o mais. Fiquei muito atraída e devorei as páginas.

Para quem ainda não conhece, segue a sinopse:
Muito tempo atrás, não se sabia que o amor é a pior de todas as doenças. Uma vez instalado na corrente sanguínea, não há como contê-lo. Agora a realidade é outra. A ciência já é capaz de erradicá-lo, e o governo obriga que todos os cidadãos sejam curados ao completar dezoito anos. Lena Haloway está entre os jovens que esperam ansiosamente esse dia. Viver sem a doença é viver sem dor: sem arrebatamento, sem euforia, com tranquilidade e segurança. Depois de curada, ela será encaminhada pelo governo para uma faculdade e um marido lhe será designado. Ela nunca mais precisará se preocupar com o passado que assombra sua família. Lena tem plena confiança de que as imposições das autoridades, como a intervenção cirúrgica, o toque de recolher e as patrulhas-surpresa pela cidade, existem para proteger as pessoas. Faltando apenas algumas semanas para o tratamento, porém, o impensado acontece: Lena se apaixona. Os sintomas são bastante conhecidos, não há como se enganar — mas, depois de experimentá-los, ela ainda escolheria a cura?.

A personagem principal, Lena tem um histórico familiar nada invejável de pessoas contaminadas pelo amor deliria nervosa. Sua mãe foi forçada a passar por várias intervenções em busca da cura. Como todas não foram eficientes, foi jogada nas criptas até a morte. Sua irmã foi arrancada de casa e levada aos laboratórios para uma intervenção urgente por estar contaminada. Seu pai também foi curado involuntariamente. Lena teme muito que a herança genética que carrega se manifeste e bem no início do livro demonstra seu temor:

"Muitas pessoas temem a intervenção. Algumas até resistem. Mas eu não estou com medo. Mal posso esperar. Faria amanhã, se pudesse" (...) "Não gosto de pensar que continuo andando por aí com a doença em meu sangue. Às vezes sou capaz de jurar que posso senti-la se movendo por minhas veias como algo estragado, tipo leite azedo. Isso faz com que me sinta suja"(...) página 7.

Infelizmente e como todos nós sabemos, junto com o amor vem outros sentimentos não tão belos e agradáveis. Quem nunca chorou por um amor não correspondido, por levar um fora ou porque tiveram uma discussão? E sabe o que é o melhor depois da briga? Fazer as pazes. Pode acreditar, depois de estar há doze anos na companhia da mesma pessoa, precisei errar muito para aprender a acertar. E é este meu julgamento de que a felicidade não é constante que me fez simpatizar tanto pela Hana. Ela diz à Lena antes de entrar na sala de entrevista para a intervenção no primeiro livro:" Você sabe que não é possível ser feliz a não ser que às vezes se sinta infeliz, certo?" Juro que pensei que ela fugiria com Lena e Alex para a selva e fiquei decepcionada não só por ela não ter ido, mas pela revelação que faz em Réquiem, de como mudou o destino do casal.

"Acho que isso faz parte de amar alguém: saber abrir mão de algo. Às vezes, saber abrir mão da pessoa amada." página 295.

Estar apaixonado é maravilhoso e não digo paixão pelo sexo oposto, mas por tudo e a medida que Lena percebe isso seu pensamento muda. Eu adoro a parte onde ela diz que depois de conhecer o amor prefere sofrer dele por um milésimo de segundo do que viver cem anos sob uma mentira (infelizmente esqueci de anotar a página para postar o trecho completo).

"Talvez eles tenham razão. Talvez nossos sentimentos nos enlouqueçam. Talvez o amor seja mesmo uma doença e ficaríamos melhores sem ele. Mas escolhemos um caminho diferente. E, no fim das contas, este é o motivo para fugirmos da cura: somos livres para escolher. Somos livres inclusive para escolher o que é errado." página 24.

Sobre as capas, que como disse, amei, fiz uma associação que alguns me disseram não ter muito a ver mas, a que você acha que se referem as cores? Sempre enxerguei a capa de Delírio em um tom prateado, já me disseram que é azul mas azul é cor do Réquiem. E não julgue pelas fotos da internet, o livro sem ser visto através de uma tela tem uma cor diferente. Sendo prateado, penso que é uma referência a cor que Lena e Alex compartilham em gosto. Ela diz na página 33: "Não cinza, exatamente. Logo antes de o sol nascer há um momento em que o céu ganha uma cor pálida, inexistente, não é bem cinza, mas um pouco branca, de que sempre gostei porque me faz lembrar de esperar que alguma coisa boa aconteça." e ele diz na página 58: "Eu disse que prefiro quando o oceano está cinza. Ou não realmente cinza. Uma cor pálida, intermediária. Evoca a ideia de esperar que aconteça alguma coisa boa."

Em Réquiem fiz a mesma associação do azul aos olhos de duas pessoas importantes para Lena: Julian na página 79 "Os olhos de Julian estão de um azul puro hoje, cor de verão. As vezes ficam tempestuosos, como oceano ao amanhecer; outras vezes ficam pálidos como o céu da aurora. Estou aprendendo todas essas variações de cores." e sua mãe na página 214 "Olho nos olhos dela. São como o céu azul-límpido que se estende acima das árvores, uma espécie de teto colorido. Eu lembro: as praias de Portland, pipas voando, salada de macarrão, piqueniques de verão, as mãos da minha mãe, uma voz cantando para me fazer dormir." Mas em Pandemônio não encontrei nenhuma pista do roxo, então ou eu passei despercebida por esta parte ou estou mesmo viajando. O que você acha?

Algumas partes foram muito boas outras nem tanto mas elas não estragaram a qualidade da história como um todo. Não gostei muito do final sem pistas do que pode ter acontecido com a Tia Carol por exemplo. Não gosto de finais assim que nos deixam no gosto de que terá continuação.

Quem ainda não leu pode incluir na lista de próximas leituras. Nossa biblioteca acabou de receber o terceiro volume. Um dos sintomas do amor deliria nervosa, o egoísmo, se manifestou em mim e eu separei antes de mostrar para vocês. Li e agora o disponibilizo, rs.

Resenha de Bárbara Leilane - Auxiliar da tarde

Um comentário:

  1. Umas das minhas trilogias favoritas
    Amoooo ♥♥
    é muiito perfeito e te contagia e envolve em seus muitos misterios a cada pagina
    Só acho que deveria ter mais um livro para que o final ficasse mais claro

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