quarta-feira, 27 de abril de 2016

Resenha: Abandono

"Alguns dias atrás, se tivessem me contado sobre uma menina que teve de ir morar com um cara em seu palácio no Mundo Inferior durante seis meses, eu teria gargalhado. Você acha que Perséfone ficou em apuros? Vou dizer quem  está em apuros: eu. Bem maiores do que os dela." Pág. 06

Ficha catalográfica
Título: Abandono
Autor: Meg Cabot
Trilogia: Abandono, livro 01
Editora: Galera Record
Páginas: 304
Sou fã da Meg, apaixonada pelas histórias dela, principalmente, pela série A Mediadora. Comecei a ler Abandono na expectativa de ser uma narrativa semelhante A Mediadora. Que houvesse uma personagem jovem, um pouco arrogante e engraçada, que ela se apaixonasse por um ser de outro mundo e que vivessem páginas de aventura e suspiros. Bom, eu errei. E errei FEIO!

"Cuide-se antes de se detonar." Pág 273

Como de costume, não li a orelha nem a contra-capa do livro então não sabia do enredo. Na primeira página, Pierce Oliviera, nossa protagonista, nos conta o mito da Perséfone. Resumindo o mito, Hades é o Deus da Morte e ele sai do Mundo Inferior e sequestra Perséfone, levando-a para seu mundo. Se você quiser saber mais detalhes, clique AQUI

Pierce tinha 15 anos quando bateu a cabeça e caiu em uma piscina. Sofreu hiportemia e passou pela EQM (Experiência de Quase Morte). Nos minutos em que passou morta, Pierce conhece John, um governante do Mundo Inferior. Na verdade, eles se conheceram antes, quando Pierce tinha apenas 7 anos, no funeral de seu avô. Mas é agora que John lhe entrega um colar conhecido como o Diamante de Perséfone, uma espécie de amuleto, que muda de cor sempre que Pierce está em perigo.


" Nunca tinha visto uma coisa tão linda. A pedra tinha cor de nuvens com chuva... cinza nas postas e tão azul no meio que ficava preta." Pág. 62

" Foi por isso que lhe dei o colar. Ele vai lhe avisar se alguma das Fúrias estiver por perto." Pág. 69

Depois de um "incidente" na antiga escola e da morte de sua ex-melhor amiga Hannah, Pierce muda-se com a mãe para uma ilha na Flórida chamada Isla Huesos. O lugar parece paradisíaco mas na verdade lá uma passagem para o Mundo Inferior governado por John.

A narrativa vai e volta no tempo, divagando nos pensamentos de Pierce - ela é a narradora -o que eu acho muito legal porque no meio de uma conversa você começa a ler um pensamento dela. Mas não há indicação de que é um pensamento: não há aspas, nem escrito em itálico, nem salta uma linha. Simplesmente está ali, incrustado no diálogo seus pensamentos, que revelam pouco a pouco os detalhes do acidente (de quase morte) e do incidente (ligado a Hannah e ao professor Mueller). Particularmente, gosto de narrativas assim, esta forma de escrever nos deixa mais próximo do personagem, como se estivéssemos ali, no subconsciente dele.

No início de cada capítulo, lemos um trecho do livro A Divina Comédia, de Dante Alighieri (disponível na nossa biblio para empréstimos). Dante, o personagem da história, narra, em forma de poema, uma odisséia pelo Inferno, pelo Purgatório e pelo Paraíso, descrevendo cada etapa da viagem com detalhes quase visuais. Nessa viagem é guiado, no Inferno e no Purgatório, pelo poeta Virgílio, e no Céu por Beatriz, musa do autor em várias de suas obras. As citações foram muito bem escolhidas, não só por anteciparem o conteúdo do capítulo mas também pela ligação das duas histórias: Inferno, Paraíso, Mundo Inferior...


John foi um personagem difícil de imaginar. Pierce o descreve de várias formas, exceto pelo fato de sempre usar roupas pretas e defini-lo como alto, bem alto. Quase sempre sua voz é forte como a de um trovão. Você consegue imaginar a frase a seguir com a entonação descrita?


"- Você está bem? - perguntou com uma voz mais assustadora do que o trovão que ecoou na caverna, uma voz mais alta e mais autoritária." Pág. 48


Como é que você pergunta a alguém se está bem com uma voz de trovão?

"- Combina com você - disse ele com a voz de trovão de novo. Tossiu para limpar a garganta. - Pensei nele assim que a vi lá embaixo. Só que nunca pensei... Bem, nunca pensei que você fosse mesmo você, ou que gostaria de vir aqui comigo." Pág. 62

 E como se faz um elogio com esta mesma voz? Difícil imaginar. Ele me parece... sei... lá... perturbado. Como se quisesse agir de uma forma mas conseguisse sair da moldura que tem.

"Ele era fogo, e eu inflamável." Pág. 25

A história é verdadeiramente um suspense. Não há partes engraçadas nem muito românticas, na verdade, o primeiro beijo só acontece a 45 páginas do final do livro! Mas tenha certeza que a ausência de romantismo não faz falta. A história é muito envolvente e sombria. Talvez aqueles que gostam de mitologia critiquem, mas é importante lembrar que John Hayden não é Hades, nem Pierce, Perséfone, apesar da semelhança dos nomes.

"Ele me beijou.
(...)
Senti como se a Via Láctea, acima de nossas cabeças como um jarro celestial, tivesse virado, jorrando sóis e planetas dentro da minha garganta. Parecia haver estrelas saindo dos meus dedos das mãos e dos pés e das pontas dos meus cabelos." Pág. 255


Na Nota do Autor, temos algumas explicações sobre como Meg se inspirou para escrever a trilogia, o que me poupou das pesquisas sobre se Isla Huesos existe, por exemplo.

Fiquei com muita vontade de ler os outros livros, Inferno e Despertar, mas terei que esperar porque eles ainda não estão disponíveis na nossa biblio :(  Minha curiosidade sobre como Pierce retornará do Mundo Inferior permanecerá por mais algum tempo e a sua se inicia: boa leitura!

"Aonde poderíamos chegar? Ele era um deus da morte. Eu era uma estudante.
Aquilo nunca ia dar certo.
(...)
Deu um passo à frente, passou um dos braços pela minha cintura, puxou-me para perto dele e me beijou de novo." Pág. 257 

Um comentário:

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