quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Resenha: A cor das coisas findas

"As bibliotecas são verdadeiros labirintos na busca do conhecimento. Enquanto a internet nos traz a informação mais formatada, mais fragmentada; as bibliotecas nos possibilitam construir os caminhos a percorrer." Pág. 27



"A cor das coisas findas"? O que isso quer dizer? E mais, o que isto tem a ver com uma capa de morcego?

Bom, foi para obter as respostas para estas perguntas que decidi ler este livro do Caio Riter.

"Estranhas criaturas aquelas. Buscavam realizar uma pesquisa sobre a origem dos livros e acabaram se envolvendo de corpo e alma em uma aventura que, com certeza, marcou para sempre a vida deles." Pág. 101

Na história, Eduarda tem 15 anos, é estudante - claro! - e começa nos contando sua história de paixão pela leitura e pelo Carlo. A princípio, o livro parece tê-la como narradora, mas na verdade, a narração é intercalada pelos demais personagens. No início de cada capítulo um trecho de cada participante em 1ª pessoa e depois se segue a narração de um observador.

Um, aliás, dois detalhes interessantes da titulação dos capítulos: eles recebem uma numeração decrescente, indo do 9 ao zero, o que nos dá a expectativa de que algo nos aguarda no final. Tipo quando, na virada do ano, fazemos a contagem regressiva para o estouro dos fogos. E além da titulação numérica, os capítulos têm seu nome opcional em texto: "Nove... ou como tudo começou", "Zero... ou toda aventura pode ter um final feliz". Bacana né! Nunca encontrei isto em outro livro e olha que já li muitos.


Voltando a história... Um mistério ronda a cidade de Monte Verde e a biblioteca municipal. Em uma ida à biblioteca para realizar uma pesquisa da professora de literatura, Eduarda, Carlo e seus amigos Beatriz e Pedro, se vêem um ambiente silencioso, escuro e cheio de mistérios. Encontram um livro cujas páginas estão sendo apagadas e a cada página que desaparece, some também aquilo que estava descrito nela. Por exemplo: a página falava da igreja da cidade, quando ela foi apagada, a igreja simplesmente sumiu e com ela a memória que os moradores guardavam dela. Apenas os quatro amigos e Liana ( a professora de literatura) mantém a memória preservada. Daí vem o título do livro: 

"Ao final, habitaremos uma cidade vazia. Sem passado. Sem cor. Afinal, qual a cor da memória? Qual a cor das coisas findas, das coisas sumidas da nossa mente?" pág. 67

Os amigos suspeitam que um vampiro esteja sugando as páginas do livro e da história da cidade. Encontram um "sótão no sótão" da biblioteca e nele uma capa preta e mais pistas do que está acontecendo.


O mais legal da história é a forma como Caio Riter mistura a aventura, o mistério e a essência da leitura. Sabe por que apenas os 5 não perderam a memória? Porque ELES LEEM !

"Somos memória. Aqueles que são capazes de mergulhar nas águas do poema, da leitura, são memória. Os outros, meros viventes de um tempo sem passado." Pág. 74

Boa leitura!

Bárbara Leilane - Auxiliar da tarde

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